terça-feira, 26 de junho de 2012


O simples da vida


Cara de espanto. Assim minha filha olhava para mim quando a 'tia' monitora, de um hotel fazenda, a perguntava se queria tirar leite da mini vaca. Acho que se ela fosse maior falaria: "Mamãe, mas o leite não sai da caixinha?". Estava claro que ela não entendia porque alguém apertava a teta da vaca e saía o que estavam chamando de leite. O leite dela sai da caixinha. Quando cortamos um dos lados para colocar na mamadeira. No meio de muitas crianças eufóricas com essa 'nova descoberta' um menino solta a pérola, ao apontar para o bezerro de cinco meses: "Olha, o cachorro". Sim, são crianças da cidade!!! Não conhecem essa realidade.

Eu estava em um hotel que fui pela primeira vez há vinte anos. E que nos nove anos seguintes iria pelo menos uma vez por mês. Muitas, mas muitas histórias. E agora voltava com os meus pais e minha família - marido e dois filhos. Sensação boa!!! Quantas histórias. Me emocionei.

Mas o que me chamou mais a atenção é como a vida tem seu curso natural. E que se seguimos iremos para o caminho certo. Sim, o curso natural é simples. Não digo de crescemos... 'TEMOS' que casar... Nada disso. Cada um tem a sua vida, sua história. Mas digo de entendermos que somos feito para sermos felizes. Isso pode até parecer um clichê mas é uma verdade! E dá pena de quem não acredita, acaba indo para onde 'acreditam'. Um lugar onde não foi feito para ser 'explorado'. Uma roupa que não 'encaixa'. Frustração, tristeza, decepção. Sim, não é seu lugar. Saia logo daí. 

Ao olhar para cada canto daquele lugar lembrava de uma história. Quantas preocupações do que faria da minha vida. O que seria? Quantas histórias de pessoas que escutava no curso que meu pai ministrava e ministra - motivo pelo qual íamos para lá - logo a sala ao lado, e que se refizeram. Vidas destruídas e que conseguiram reerguer-se. Pessoas que foram comigo e que já não estão mais aqui. Se eu fiquei triste por lembrar disso? Não, não conseguia. Tive restauração. Olhava logo atrás de mim e via pais brincando com netos. E meu marido ao lado. Ah, a vida é simples! Como daquelas crianças andando a cavalo e nem lembravam do video game, bonecas e computadores. Experiências novas como dar comida para galinhas. Pisar no chão de terra e ficar com os pés sujos. Dançar quadrilha... "Olha a chuva... já passou". Quantas 'chuvas' enfrentamos e achamos que nunca iria ou irá acabar. A vida muda em um segundo. Um nasceu o outro se foi. A empregada às véspera da patroa parir diz que não quer ficar mais. O fim do mundo? Por alguns minutos ou semanas sim. Até aparecer alguém melhor. Saber esperar. Um verdadeiro dom. Como é difícil em alguns momentos acreditar que vai melhorar... E o 'arraiá' continua... "A ponte quebrou... dá meia volta". Quantos obstáculos temos que enfrentar. Brigas com namorados, maridos. E você pensa: "Será que já acabou?". Uns acabam, para o seu bem. Mas outros, 'arrumam a ponte' como na música e continuamos o curso. O 'arrumar' muitas vezes, entre outras coisas, pode ser quando deixamos passar alguma coisa, fingimos que não vemos - pequenas bobeiras - a toalha molhada em cima da cama, roupas sujas no chão, só para não desgastar a relação. Sabedoria que valerá por mais alguns anos. Afinal não podemos deixar a ponte cair mais uma vez, por besteiras. E a quadrilha não pode parar "Olha a cobra... já passou". 'Cobras' muitas 'cobras'. Algumas temos que ter o bom senso de tirarmos da nossa vida. Outras de sabermos administrá-la com cuidado já que muitas vezes não podemos mandá-las para um lugar bem específico. E continua... Cada um com seu par na roda. E passa por baixo, segura na mão. Seja amigo, marido, mulher, avó, avô... Sempre com alguém para se divertir, se apoiar e enfrentar as adversidades, neste caso - ponte , cobra, chuva. Simples tudo muito simples. Mas gostamos de 'sofisticar' digo complicar. Tendência adquirida, como no caso citado acima, com quem não acredita que nascemos com uma única missão... A de sermos felizes. Sim, colocamos na mala e tomamos como nossa verdade. Quanta perda de tempo. Quanto tempo gasto com preocupações onde o curso final é 'dar certo'. Assim me sentia sentada no banco ao lado do lago. Tudo acabou bem. Sim, preocupações dão rugas. Outro dado comprovado. Não vale a pena gastar tempo com isso. No final... potes e potes de cremes anti-age.

No meio a tantas lembranças só me restava e conseguia fazer uma coisa. Agradecer. Agradecer pelo tempo ter passado. Por vivenciar tantas coisas, ainda que tristes e às vezes muito tristes - fora ao ciclo natural. Por ter 'chegado' tantas pessoas boas na vida - amigos, filhos, marido, projetos. Pelo vento ter acalmado e a brisa chegado. Por relações de pais terem virado de amigos - e assim envelhecemos juntos, e sempre com colo quando precisar. Pelo conforto da rede, da roupa, de um abraço, da vida. Como é bom agradecer parece que o céu desce. E conseguimos ver o quanto somos privilegiados. Sim, agradecer porque tudo deu e dará certo. Simples assim!


4 comentários:

  1. Oi Nunu... lindo.... ADOREI! ontem quando sua mãe falou que vocês foram para o Mazzaropi pensei... nossa que ideia boa!! Tantas historias vividas nesse lugar, como você diz no seu texto, e agora voltar la com as crianças... para momentos muito felizes... a vida é um fluxo sem fim... impermanente... mas como é boa! ;-O beijos Fasion

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  2. Parabéns Nurya... Minha sobrinha adora o Mazzaropi, esses dias pediu para ir novamente. Um grande beijo.

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  3. que lindo esse texto Nurya!! tbm acho que a vida é simples, agente é que complica "sem querer querendo ...". Também tenho esses 'flashs' qdo levo meus filhos em algum lugar que eu ía qdo pequena a desejo que guardem lembranças tão boas quanto eu tive!!!
    Um beijo!!! PAULA

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  4. Oi, Nurya
    Que lindo texto. Acho que nós queremos que nossos filhos tenham lembranças boas, semelhantes as que tivemos na infância, não é?
    Há, adorei o texto do buffet...e o pior é que ainda vamos passar muito por isso.
    Bjs e parabéns pelo blog...vou voltar sempre.

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